sexta-feira, 6 de março de 2020

A guerra não tem rosto de mulher

Título do livro: A guerra não tem rosto de mulher
Autor: Svetlana Alekisiévitch
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 392
Ano: 2016
Gênero: Não ficção

Onde Comprar: Amazon, Saraiva, Travessa



Sinopse: A história das guerras costuma ser contada sob o ponto de vista masculino: soldados e generais, algozes e libertadores. Trata-se, porém, de um equívoco e de uma injustiça. Se em muitos conflitos as mulheres ficaram na retaguarda, em outros estiveram na linha de frente. É esse capítulo de bravura feminina que Svetlana Aleksiévitch reconstrói neste livro absolutamente apaixonante e forte. Quase um milhão de mulheres lutaram no Exército Vermelho durante a Segunda Guerra Mundial, mas a sua história nunca foi contada. Svetlana Aleksiévitch deixa que as vozes dessas mulheres ressoem de forma angustiante e arrebatadora, em memórias que evocam frio, fome, violência sexual e a sombra onipresente da morte.

Resenha: 

Vocês sabiam que quase um milhão de mulheres participaram da segunda guerra mundial? No Brasil, ainda temos o costume de pensar que as mulheres ficam nos seus lares, à espera do regresso do homem que foi guerrear. A realidade nunca foi assim, mas isso não torna o cenário de guerra um espaço/momento para a feminilidade. Quem dirá então para a humanidade.

“(...) - Por que, depois de defender e ocupar seu lugar em um mundo antes absolutamente masculino, as mulheres não defenderam sua história? Suas palavras e seus sentimentos? Não deram crédito a si mesmas. Um mundo inteiro foi escondido de nós. A guerra delas permaneceu desconhecida...”

A ganhadora do Nobel de literatura em 2015, Svetlana Aleksiévitch fez uma pesquisa com mulheres soviéticas que participaram da segunda guerra. Através de relatos históricos, poéticos e sentimentais experienciamos a "grande história" pelo ponto de vista do "homem pequeno". Afinal, todo grande acontecimento é feito pelas pessoas cujos nomes não aparecem nos livros didáticos.

Como essas mulheres guerrearam? Elas assumiam diversas posições, como francoatiradoras, enfermeiras, sapatoras, guerrilheiras sem partido, entre outras. O que elas fizeram depois da guerra? Viraram contadoras, professoras, donas de casa... De uma hora para outra elas assumiram posições militares e de uma hora para outra voltaram ao cotidiano. Em alguns dos relatos, parece que elas falam da vida de outra mulher, de uma história muito distante e não da própria história de vida.

“Não posso... Não quero lembrar. Passei três anos na guerra... E, nesses três anos, não me senti mulher. Meu organismo perdeu a vida. E eu não menstruava, não tinha quase nenhum desejo feminino. E era bonita... (...)”

O livro todo é muito humanizado. E não se pode chegar a um só sentimento. Cada relato vai trazer emoções tão diferentes, mas que se chega a uma única conclusão:

“A guerra é um sofrimento infinito demais. E tão infinito quanto a vida humana.”

A mãe que tem que matar seu filho, a enfermeira que salva o inimigo, o amor em meio a guerra, o desamparo de quem vê sua vila destruída, o sentimento de quem não se sente mulher, de quem não se sente humana. O trabalho de Svetlana é expor a voz dessas mulheres que, por bravura ou obrigação, lutaram firmemente numa guerra que não foi causada por elas.

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