Dirigido por: Pier Paolo Pasolini
Tempo de duração: 116 minutos
Ano de lançamento: 1975
Sinopse: Quatro libertinos fascistas reúnem nove adolescentes, meninos e meninas, submetendo-os a 120 dias de sofrimento como escravos sexuais, obrigando-os a praticar os mais diferentes tipos de orgias, torturando-os física e mentalmente. Trailer
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 18 ANOS
Resenha:
Essa é a resenha do que supostamente seria
uma Trilogia da Morte de Pier Paolo Pasolini. Infelizmente, é composto por um
só filme, pois o artista foi assassinado no mesmo ano da estreia do primeiro
filme.
A intenção de Pasolini, ao criar a
Trilogia da Vida, era chocar os espectadores, contudo, os filmes não tiveram a
recepção esperada por ele. Decidido a criar filmes que realmente espantassem, o
cineasta criou a trilogia da morte. Esta teria não só a morte como tema
principal, mas abordaria a crueldade daqueles que detém o poder.
Com a mesma pegada de adaptações de livros
clássicos, o único filme dessa trilogia é Salò, ou 120 dias de Sodoma,
inspirado na obra de Marques de Sade. Já dá para ter uma ideia do que está por
vir, não?
Dou um alerta a todos que tem estômago
fraco porque não é um filme de se agradar aos olhos. Para ter uma ideia, o
filme é estruturado em três ciclos: Das manias, das fezes e do sangue. Essa
estrutura até se assemelha aos ciclos do Inferno de Dante.
Salò, ou os 120 dias de Sodoma retrata a história de quatro amigos:
o presidente do banco, o duque, o bispo e o magistrado. Há uma pequena mudança
intencional que Pasolini fez da obra de Sade com objetivo de encaixar as
funções dos personagens em figuras de grande poder na Itália de sua época. A
crítica maior de todo o filme está nesse exato ponto, em que o artista associa
a burguesia em ascensão com o fascismo. Aliás, Salò é o nome da cidade onde
Mussolini governava. Pasolini é um gênio ao conseguir adaptar sua visão em cima
de qualquer obra literária e ser fiel aos escritos dos autores.
Mal elas sabem que a burguesia nunca
exitou em matar suas filhas.
Essas figuras tão respeitadas, nas duas
épocas, aparecem no filme como a representação de toda podridão da humanidade.
Os quatro amigos começam arranjando um grande casamento em que cada um casa com
a filha de seu companheiro, não as mantendo como propriedade única, mas do
grupo. Assim esse casamento é motivo para uma grande festa que dura 120 dias.
Usando sua autoridade, cada amigo escolhe
um grupo de garotas e garotos imaculados para ficarem presos em uma mansão.
Outras relações de poder importantes aparecem durante o filme. Os guardas são
aqueles que não questionam as autoridades, apenas cumprem suas ordens. Uns
jovens abastados, podendo ser interpretados como uma burguesia menor ou uma
força policial, são a mão violenta. E tem as figuras das professoras, a
ferramenta ideológica do Estado.
É um filme forte e que deve ser assistido
com atenção, porque algumas cenas são eclipsadas pelo nojo e repulsa que
sentimos. As críticas de Pasolini são atualíssimas e continua a intrigar.
Espero que vocês vejam o filme e comentem aqui sobre o que acharam!
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