domingo, 16 de junho de 2019

Trilogia da Morte de Pasolini




Título original: Salò, O le 120 Giornate di Sodoma
Dirigido por: Pier Paolo Pasolini
Tempo de duração: 116 minutos
Ano de lançamento: 1975








Sinopse: Quatro libertinos fascistas reúnem nove adolescentes, meninos e meninas, submetendo-os a 120 dias de sofrimento como escravos sexuais, obrigando-os a praticar os mais diferentes tipos de orgias, torturando-os física e mentalmente. Trailer

CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 18 ANOS

Resenha:

Essa é a resenha do que supostamente seria uma Trilogia da Morte de Pier Paolo Pasolini. Infelizmente, é composto por um só filme, pois o artista foi assassinado no mesmo ano da estreia do primeiro filme.

A intenção de Pasolini, ao criar a Trilogia da Vida, era chocar os espectadores, contudo, os filmes não tiveram a recepção esperada por ele. Decidido a criar filmes que realmente espantassem, o cineasta criou a trilogia da morte. Esta teria não só a morte como tema principal, mas abordaria a crueldade daqueles que detém o poder.

Com a mesma pegada de adaptações de livros clássicos, o único filme dessa trilogia é Salò, ou 120 dias de Sodoma, inspirado na obra de Marques de Sade. Já dá para ter uma ideia do que está por vir, não?


Dou um alerta a todos que tem estômago fraco porque não é um filme de se agradar aos olhos. Para ter uma ideia, o filme é estruturado em três ciclos: Das manias, das fezes e do sangue. Essa estrutura até se assemelha aos ciclos do Inferno de Dante.

Salò, ou os 120 dias de Sodoma retrata a história de quatro amigos: o presidente do banco, o duque, o bispo e o magistrado. Há uma pequena mudança intencional que Pasolini fez da obra de Sade com objetivo de encaixar as funções dos personagens em figuras de grande poder na Itália de sua época. A crítica maior de todo o filme está nesse exato ponto, em que o artista associa a burguesia em ascensão com o fascismo. Aliás, Salò é o nome da cidade onde Mussolini governava. Pasolini é um gênio ao conseguir adaptar sua visão em cima de qualquer obra literária e ser fiel aos escritos dos autores.
Mal elas sabem que a burguesia nunca exitou em matar suas filhas.


Essas figuras tão respeitadas, nas duas épocas, aparecem no filme como a representação de toda podridão da humanidade. Os quatro amigos começam arranjando um grande casamento em que cada um casa com a filha de seu companheiro, não as mantendo como propriedade única, mas do grupo. Assim esse casamento é motivo para uma grande festa que dura 120 dias.
  


Usando sua autoridade, cada amigo escolhe um grupo de garotas e garotos imaculados para ficarem presos em uma mansão. Outras relações de poder importantes aparecem durante o filme. Os guardas são aqueles que não questionam as autoridades, apenas cumprem suas ordens. Uns jovens abastados, podendo ser interpretados como uma burguesia menor ou uma força policial, são a mão violenta. E tem as figuras das professoras, a ferramenta ideológica do Estado.


É um filme forte e que deve ser assistido com atenção, porque algumas cenas são eclipsadas pelo nojo e repulsa que sentimos. As críticas de Pasolini são atualíssimas e continua a intrigar. Espero que vocês vejam o filme e comentem aqui sobre o que acharam!


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